Em 2020, o mundo tal como o conhecíamos sofreu um profundo abalo. Até as palavras passaram a ter outra conotação e importância: distanciamento e negativo, por exemplo, passaram a ser palavras valorizadas.
No início deste processo, o Agrupamento de Escolas de Alfena estabeleceu como prioridades a salvaguarda da saúde da sua comunidade educativa e a continuidade da promoção das aprendizagens. Quanto à primeira, foi elaborado o plano de contingência, a equipa de saúde procedeu à articulação com a Autoridade de Saúde Pública e desenvolveram-se ações tendentes à consciencialização de todos para o momento que se vivia. Hoje, pode afirmar-se que o agrupamento cumpriu essa prioridade pois todos os casos registados tiveram origem no contexto externo ao agrupamento.
Quanto à segunda prioridade, verificou-se que todos os sistemas de ensino foram colocados perante o maior desafio da sua história. De um momento para o outro, as escolas foram fechando pelo mundo fora, alunos e professores foram para suas casas e a sala de aula passou para a casa de todos através de um ecrã de computador, de tablet ou de telemóvel.
Também nesta vertente, o agrupamento se reinventou. Os docentes, psicólogos e técnicos muniram-se de todas as estratégias e dos seus próprios equipamentos para desenvolver as atividades e acompanhar as suas crianças/alunos. E, embora o balanço seja francamente positivo, ficou visível, a nível nacional, a necessidade de uma aposta futura nos equipamentos e na formação de todos. O ministério iniciou já o processo de distribuição aos alunos de escalão A ou B e a professores e o agrupamento já iniciou o trabalho para a elaboração do seu plano de transição digital.
Ficou igualmente visível a boa aposta do agrupamento nos cursos profissionais na área da Informática e na introdução da disciplina de TIC nos 3º e 4º anos, complementando, assim, a matriz curricular nacional que, nos restantes anos/ciclos, inscreve as TIC como disciplina.
Voltando às palavras e à sua importância: com a pandemia, aprendemos que nada nos está garantido. Aprendemos a nova importância de palavras como flexibilidade, adaptação, autonomia e sobretudo resiliência. Este é o país dos descobrimentos. Este é o país que construiu caravelas e rumou a mundos desconhecidos. É tempo de alunos e professores usarem as caravelas de hoje, os computadores e restantes tecnologias, e navegarem rumo a novos conhecimentos construindo-os com autonomia. De uma forma ativa, crítica e criativa, como preconiza o projeto educativo do agrupamento. O tempo do consumismo passivo dos conteúdos da internet, nem sempre úteis e credíveis, já passou. Como se tivesse sido afetado pelo vírus. É tempo do consumismo passivo dos conteúdos transmitidos na sala de aula ser secundarizado pela criação autónoma de conhecimento. Saibamos todos ousar! Saibamos todos acreditar em nós e nas nossas capacidades como outrora acreditaram outros portugueses.
Felisbina Neves
Professora | Diretora do Agrupamento de Escolas de Alfena
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