A distância entre nós não existe
- Alfena Global
- 27 de jul. de 2021
- 2 min de leitura

Humanamente falando, por mais que me digam o contrário, a distância entre nós não existe. A questão essencial é a seguinte: qual é o conteúdo que está a passar pelo cordão umbilical que nos une? Há uma ligação entre todos nós. Não duvidamos disso. O problema está no lixo que é depositado nessa via de conexão, em forma de ódio, violência, crítica destrutiva, preconceito, discriminação, intolerância, entre tanto mais.
Em vez disso, devemos oferecer afeto, amor, respeito e tudo o que mais inclua o outro dentro de nós. É utópico? É lamechas? Seja lá o que for, para mim, é a via mais eficaz para o tal mundo melhor que todos falamos.
Esse mundo onde queremos habitar não é um mundo de superficialidades egocêntricas e violentas. É um mundo onde habitam seres humanos em união com as suas diferenças e semelhanças; em que as pessoas não estão mais interessadas nas diferenças do que nas semelhanças, acolhendo as duas numa plataforma de respeito exemplar; em que as pessoas se encontram num momento único e irrepetível, vendo o encontro como um gesto recíproco e humilde que nos une; onde se vive em harmonia e paz; no qual as pessoas são educadas para a integração e a inclusão na sociedade, em vez de serem treinadas para a exacerbação das diferenças num tom arrogante. Somos seres sociais.
Não tenhamos dúvidas disso. Evidentemente, nessa fusão aos outros não nos podemos esquecer de nos aceitarmos como somos e de aceitarmos os outros como eles são, tendo sempre em mente, pelo menos, o primeiro ponto da Declaração Universal dos Direitos Humanos: «Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade.».
Somos diferentes e iguais num todo que se quer de boa saúde individual e relacional. Somos muito mais nós próprios e mais próximos dos valores de equidade social quando crescemos e aprendemos na relação com os outros. Façamos isso. E talvez não se trate de encurtar distâncias, mas acima de tudo de bem alimentar a nossa inevitável e necessária ligação.
Tiago Sá Balão, dr.
Psicólogo | Terapeuta Familiar e de Casal
Comments